O nome da mosca é assim mesmo, com acento no “Á” e é uma evidente apologia à provavelmente mais conhecida receita de John Goddard (1923-2012), a “Goddard Caddis”. E aqui fica uma homenagem especial a este inglês relativamente pouco conhecido por nossas bandas, a despeito de sua vasta co Ver más...O nome da mosca é assim mesmo, com acento no “Á” e é uma evidente apologia à provavelmente mais conhecida receita de John Goddard (1923-2012), a “Goddard Caddis”. E aqui fica uma homenagem especial a este inglês relativamente pouco conhecido por nossas bandas, a despeito de sua vasta contribuição para a pesca com mosca, sendo referenciado no mundo anglo-saxão como um dos mais respeitáveis atadores e pescadores contemporâneos. Muitos o apontam como a mais importante influência moderna para o estudo entomológico aplicado à pesca de trutas, e podemos ter uma noção do alcance de seus estudos pela simples listagem de suas principais publicações: Trout Flies of Stillwater (1969); Trout Flies of Britain & Europe (1991); John Goddard’s Trout Fishing Techniques (1996); Reflections of a Game Fisher (2002); The Trout Fly Patterns of John Goddard (2004). Além destas ainda publicou The trout and the Fly: A new approach (1980) e Understanding Trout Behaviour (2001) juntamente com Brian Clarke.
A mais importante característica desta mosca (assim como a própria Goddard Caddis) é sua capacidade de flutuação, sendo uma mosca bastante indicada para um “dropper” (quando se ata uma ninfa à uma seca), mas pessoalmente confio nesta mosca por sua extrema versatilidade. Pode até parecer que é uma mosca de preguiçoso que não gosta de trocar de mosca, mas vou tentar explicar as “várias variações” em que pode ser aplicada.
Essa variação que utilizo desde alguns anos aliou a tradicional Goddard com um pouco de observação prática. Nas serras do sul, onde abunda a vegetação de médio e grande porte nas margens dos rios, é relativamente comum um tipo de caddis marrom escuro com antenas desproporcionais ao corpo (mais de duas vezes o tamanho do corpo), e o inseto aparenta voar “desequilibrado”. Ao mesmo tempo tinha ficado impressionado com a efetividade de um modelo de caddis com patas em uma pescaria no sul da Argentina (similar à uma “madame X”) e queria acrescentar essa vibração natural que o inseto faz ao movimentar-se na água sem ter que adicionar mais um material ao atado. Assim nasceu a “Gordá Caddis”, que na verdade só modifica um pouco a maneira de como o corpo de pelos é aparado, apresentando uma forma de pirâmide como a original, mas também triangular quando vista de baixo, e que também apresenta alguns pelos desencontrados em seu perímetro externo fazendo a função de vibração. Outro detalhe que passei a utilizar é deixar uns poucos pelos abaixo da linha de flutuação na parte posterior da mosca para quebrar a tensão superficial da água, imitando a iminência de um inseto colocando ovos, e que também causa certa vibração na água. A última “modificação” importante que utilizo está nas antenas grandes feitas com haste de pena (eu uso de perdiz pela facilidade que tenho em consegui-las) atada pela parte mais fina. Além de terem se mostrado muito resistentes aos arremessos, essa configuração permite que as antenas se dobrem para trás quando a mosca afunda como um inseto natural, ao contrário de outros materiais sintéticos rígidos que vi em moscas que comprei.
A original é associada à pesca em deriva (dead drift), e ainda prefiro pescar assim com a “Gordá”: já tive ataques inesquecíveis e trutas de tamanho significativo pescando em “pockets”, em águas relativamente rápidas – principalmente sob a vegetação – e mesmo com a mosca praticamente parada. Porém, também já tive muitas ações fazendo a mosca “patinar” e até afundar por curtíssimos períodos de tempo com pequenos puxões. Há situações que essa ação é o gatilho para a truta tomá-la. A explicação é que alguns tipos de tricópteros literalmente mergulham para colocar seus ovos, ficando numa situação muito indefesa sem que a truta tenha que “se mostrar” e comer na superfície.
Geralmente os tamanhos utilizados variam de #10, #12 até #14, com a haste 2x ou 3x o tamanho da abertura do anzol. O pelo mais indicado é o de “caribou”, mas pela dificuldade de encontrar utilizo o “deer” mesmo. O importante é que o pelo seja fino e oco pra garantir uma silueta próxima à de um inseto natural e uma boa flutuação; Gosto de ter sempre na minha caixa duas cores, uma mais clara puxando para o bege pela visibilidade e uma alternativa marrom escura mais próxima ao inseto que deu origem à variação, mas sempre prefiro tons naturais para o corpo de pelos. O “hackle” deve ser no mesmo tom ou mais escuro que o corpo, e o melhor é que seja feito com uma pena rígida (de preferência um micro saddle).
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Listado de materiales
ANZOL: [recomendação normal] Mustad, Partridge ou TMC do #10 ao #18 (eu uso #12 e #14 geralmente), 2x ou 3x o tamanho da abertura do anzol;
FIO: [recomendação normal para a mosca] 6/0 (cor do pelo escolhido) para o corpo e 8/0 marrom para o colar. (Eu uso só um chamado UNI-Mono 200 fine/clear, mas é ou era difícil de achar);
CORPO: pelo de caribou ou deer (tons naturais do bege ao marrom escuro);
COLAR: Saddle (médio ou micro) marrom (importante que seja firme);
ANTENAS: Hastes de pl Ver más...ANZOL: [recomendação normal] Mustad, Partridge ou TMC do #10 ao #18 (eu uso #12 e #14 geralmente), 2x ou 3x o tamanho da abertura do anzol;
FIO: [recomendação normal para a mosca] 6/0 (cor do pelo escolhido) para o corpo e 8/0 marrom para o colar. (Eu uso só um chamado UNI-Mono 200 fine/clear, mas é ou era difícil de achar);
CORPO: pelo de caribou ou deer (tons naturais do bege ao marrom escuro);
COLAR: Saddle (médio ou micro) marrom (importante que seja firme);
ANTENAS: Hastes de pluma de perdiz (ou qualquer de cor marrom).
Pasos
Paso 1
1. Fazer uma cama de linha (pra ajudar a firmar) e atar uma mecha de pelos (ata-se pela metade de seu comprimento) pouco antes do início da curva do anzol apertando até que pare de girar e fique firme. (não é necessário emparelhar já que serão cortados, mas é bom limpar o sub-pelo porque junta água);
Paso 2
2. Retrair a parte anterior da mecha conforme a figura; Dependendo do tamanho do anzol este passo deverá ser repetido duas ou três vezes até ocupar 2/3 da haste do anzol (o segredo é tentar deixar o pelo mais compacto possível);
Paso 3
3. Como a original faz-se um corte reto na parte de baixo da mosca criando uma superfície de flutuação, por isso os pelos do meio da mosca devem estar mais unidos possível;
Paso 4
4. A diferença essencial para a Goddard original fica por conta do corte dos pelos como já explicado. A original tem um corte reto nas laterais e forma triangular somente em perfil. A “Gordá” tem uma forma triangular vista de cima e de baixo;
Paso 5
5. A silueta é bem próxima à de um tricóptero natural. È indicado fazer essa parte com uma lâmina afiada (tipo Gilette), mas eu me acostumei a moldar o tamanho fechando os dedos em cima do pelo;
Paso 6
6. O detalhe é que os pelos das extremidades ficam “soltos” criando pontos de vibração na água. Outro ponto importante é deixar alguns pelos na parte posterior que fiquem abaixo da linha de flutuação;
Paso 7
7. Mosca de novo na morsa e fio da cor do “hackle”. Fixar a pena (preferência microsaddle) de cor próxima ou mais escura que o corpo;
Paso 8
8. “Limpar” duas penas e utilizar a haste para antenas. A perdiz é bem flexível para aguentar os arremessos e esse desenho permite a antena dobrar pra trás quando a mosca “mergulha”;
Paso 9
9. Aqui é importante buscar o equilíbrio entre o tamanho das antenas (que deve ser exagerado propositalmente) e a base (mais fina) por onde será presa a haste da pena.
Paso 10
10. Perfil da mosca terminada.
Paso 11
Dica: Variar a cor e tamanho é uma boa estratégia para mitigar os reflexos na água em dias claros, ou aumentar a visibilidade nas horas em que essa mosca é mais efetiva: ao cair da tarde embaixo de galhos e ramas pendentes sobre a água.